sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A necessidade de um novo olhar nas organizações


 A evolução do conhecimento humano ao longo dos últimos séculos é inegável. As 'ciências' experimentaram uma explosão em sua forma de pesquisar e concluir sobre 'novas teorias'.
Como diz Ilya Prigogine (Prêmio Nobel de Química - 1977), em sua 'Carta para futuras gerações': 
'Quanto mais a ciência avança, mais nos espantamos com ela. Fomos da idéia geocêntrica de um sistema solar para a heliocêntrica, e de lá para a idéia das galáxias, e, por fim, para a dos múltiplos universos... Para a ciência não existe um evento único, e isso conduziu à idéia de que múltiplos universos podem existir. Por outro lado, o homem é até agora a única criatura viva consciente do espantoso universo que o criou e que ele, por sua vez, pode alterar...'.

Trazendo esta condição para o mundo das organizações, como diz o prof. José Júlio Martins Torres, em seu artigo 'Teoria da complexidade aplicada às organizações': 
'Nos últimos 300 anos o paradigma mecanicista newtoniano foi dominante no entendimento da natureza e das organizações. No século XX ocorreram mudanças importantes nos conceitos científicos, começando com a Teoria Especial da Relatividade, seguida pela Mecânica Quântica, pela decodificação do DNA e culminaram com a Teoria da Complexidade que está sendo usada para entender as estruturas e processos organizacionais complexos que transcendem as teorias clássicas. O paradigma para o século XXI será orgânico.'

Esta visão propõe uma nova forma de 'ver' e 'lidar' com o fenômeno mais marcante desta passagem de século: as organizações. A abordagem 'holística' pressupõe que cada componente da organização - em especial as pessoas - representa unidades singulares e únicas, ao mesmo tempo em que faz parte de unidades maiores (departamentos, divisões), também únicas e interdependentes, com finalidades semelhantes e complementares.

Olhar com 'novos olhos' significa ter realizado um processo pessoal de renovação do próprio 'modelo mental'. Esta capacidade deve também ser integral, revigorando as três energias básicas do ser humano: do pensar, do sentir e a do agir, levando a uma ação empreendedora na construção de um 'novo mundo das organizações'.
Os estudos e pesquisas em administração evoluíram muito e as organizações foram responsáveis pela grande demanda de respostas inovadoras sobre os 'novos fenômenos'. Os 'novos fenômenos' apresentam características diferentes, por conta das influências do ambiente de atuação: as fronteiras de trocas, antes tão conhecidas, passaram a ser mais fluídas e instáveis, determinando uma nova configuração da estrutura, da estratégia e da própria ideologia que fundamenta e dá sentido à organização.
Mas, também, por conta principalmente, dos anseios e necessidades das pessoas, que exigem hoje condições e possibilidades de realizar suas potencialidades no ambiente organizacional.

A necessidade de um novo 'modelo de referência' é fundamental para o entendimento e atuação no ambiente empresarial. Esse deve captar novos fenômenos e levar em conta a profunda inter-relação entre as variáveis que afetam a concepção, o gerenciamento e a existência da organização.
As velhas abordagens, conceituais e reducionistas da complexidade das organizações, estão perdendo espaço. Concepções atuais e integradas estão hoje disponíveis.
Muitas são as experiências e pesquisas que partem de uma concepção mais interativa e integral do mundo organizacional, considerando a influência marcante e fundamental que exercem as transformações sociais do ambiente globalizado, como também, as pequenas e circunstanciais alterações que ocorrem nas organizações, determinantes dos seus ritmos e direções.

Elaborar um modelo de organização e um modelo de gestão é fundamental para aqueles que influenciam o destino das organizações. É bom salientar que os modelos aproximam a realidade, nunca sendo maiores que elas. Servem ainda como referências conceituais, na medida em que permitem empreender intervenções planejadas em sua estrutura de funcionamento, ou mesmo, de conceber esta estrutura.
O Modelo de Gestão por Competências tem sido referencial consistente para empreender profunda renovação. Baseado na convicção de que mudanças nas organizações são decorrentes de mudanças ocorridas no nível de conscientização de seus dirigentes e, principalmente, de ações sistemáticas e continuadas das pessoas e das equipes de trabalho, na conquista dos resultados almejados. A transformação passa a ser um projeto viável e possível de se concretizar.

Assim, fica a questão: Qual é o modelo de organização e de gestão que estamos usando como referência para conduzir os destinos da organização?

Antonio Zuvela
Consultor
Instituto Pieron                                                                                                                                 

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