terça-feira, 12 de junho de 2012

A utilização consciente do crédito

A economia brasileira está favorável ao consumo. Com as taxas de juros menores, inúmeros bancos brigam pela concessão de crédito, que está cada vez mais fácil. Diariamente, somos bombardeados com publicidade oferecendo crédito, com taxas de juros reduzidas, incluindo crédito a consumidores que possuem restrições. O crédito é um instrumento de crescimento da economia. Com o aquecimento do consumo, a economia também se aquece e o país cresce.

Porém, o crédito é uma arma perigosa se não for bem utilizado. E muitos brasileiros não sabem como utilizar o crédito a seu favor, acabando nas estatísticas de consumidores superendividados. Mas como utilizar o crédito de forma consciente?

Primeiramente, é importante ter disciplina. Os economistas recomendam que o consumidor comprometa, no máximo, 30% da renda com parcelas de financiamento, o que inclui parcelas de cheque especial e utilização do rotativo do cartão de crédito.

Outra armadilha para é a compra parcelada no cartão de crédito. Muitas vezes, temos a falsa sensação de estar fazendo um excelente negócio, pois pagaremos em 3, 4 ou 12 vezes uma compra que teríamos que pagar à vista. Entretanto, ao acumular muitas parcelas de compras nessa modalidade, acabamos comprometendo uma parcela muito grande da renda.

As lojas estão começando a oferecer linhas de crédito e financiamento diretamente no cartão de crédito, parcelando as compras em até 48 vezes, com juros pré-fixados, de forma que o consumidor saiba exatamente o valor que irá pagar em cada parcela. Porém, o risco dessas operações está justamente nessa facilidade, pois o cliente pode ser induzido a efetuar compras por essa modalidade de crédito sem pensar muito na real necessidade desse parcelamento. Se o você não ficar atento, poderá financiar compras de produtos supérfluos para pagar em até quatro anos e com juros!

Para não gastar mais do que pode, o consumidor deve ter ciência do seu orçamento mensal. Anotar os gastos fixos, como habitação, transporte, alimentação, saúde, educação, além das contas públicas (água, telefone, energia elétrica etc.) é um bom começo. Após reservar o valor para o pagamento dessas despesas, é viável que reserve ao menos 10% de sua renda mensal para poupar – numa eventual emergência, se não tiver uma reserva, pode se endividar muito. O que restar dessa conta pode ser comprometido com outros gastos.

Muitas vezes, o consumidor poderá ter uma boa vantagem se comprar à vista. Se não tiver o valor no ato e a compra puder ser adiada, poderá poupar o valor e adquirir o produto num momento futuro, à vista e com um bom desconto! Vale a pena tentar. Tudo é uma questão de disciplina e de consciência. O consumidor que já passou por uma situação de endividamento sabe o quanto é ruim pagar juros e não ter como pagar os débitos. É um verdadeiro malabarismo, mas que pode ser evitado com um pouco de disciplina.

Há vários sites que ensinam, de forma simples, a organizar o orçamento doméstico. Algumas entidades também promovem cursos e há programas disponíveis para essa finalidade. Porém, qualquer pessoa pode começar a organizar o orçamento. O bom e velho caderno pode servir de apoio. Anotar o valor líquido recebido mensalmente numa coluna e na outra os gastos mensais fixos já dará um bom panorama do orçamento. Se o consumidor tiver débitos com parcelas e financiamentos, deverá fazer planilhas mês a mês com as parcelas inclusas. Caso o orçamento esteja apartado, ou mesmo se o consumidor tiver consciência de que está gastando mais do que ganha, poderá começar a cortas despesas. Não é tarefa fácil, mas é totalmente possível – e necessária.

Como já foi dito, pode valer a pena trocar uma dívida por outra. Dívidas em cartão de crédito e cheque especial têm taxas de juros extremamente altas, o que dificulta o pagamento. Fazer um empréstimo em um banco que tenha taxas de juros menores para saldar – e apenas para isso – essas dívidas é viável.

Sair do vermelho e equilibrar o orçamento pode ser mais fácil do que se imagina. Entretanto, é necessário conhecer o próprio orçamento e saber os próprios limites. Apenas assim o consumidor conseguirá utilizar o crédito de forma consciente e, o melhor, conseguirá poupar. Utilizando programas sofisticados ou um simples caderninho, pesquisando em sites especializados ou fazendo um curso específico, não importa como, se houver empenho, o consumidor conseguirá sair das dívidas – ou melhor, nem entrar nelas. 

Fonte: Consumidor Moderno - UOL

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