México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia despertam a atenção de um mercado frustrado por crise no mundo desenvolvido e desaquecimento nos emergentes.
O termo BRICs
– sigla que se refere ao grupo de países em desenvolvimento composto
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, que por uma década
foi pronunciado à exaustão como promessa de crescimento e retorno aos
investidores, está a um passo de ter um concorrente. O motivo é a
ascensão de outro time de emergentes que atende pelo apelido de Mist:
México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia.
Esses países crescem mais, passaram nos últimos anos por turbulências
econômicas menos profundas e possuem menos burocracia. Em suma, são hoje
vistos como um novo oásis num mercado frustrado por perdas na Europa,
nos Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil e na China. Jim
O'Neill, presidente do Goldman Sachs Asset Management (GSAM) e criador
da alcunha Brics, é considerado o autor, mesmo que involuntariamente, da
nova sigla.
"Muitos pensam que criei esse acrônimo, mas ele nasceu do fato de eu
ter definido, cerca de quinze meses atrás, onze novos países como
economias promissoras. Como, do grupo de onze, os quatro são os que mais
se destacaram, jornais disseram que havia criado o conceito de Mist.
Achei engraçado", disse em entrevista ao site de VEJA.
O'Neill – que não utiliza mais o termo “economias
emergentes” para se referir aos BRICS por achar que elas "já emergiram" –
criou o grupo dos onze incluindo nações que, anos atrás, não seriam nem
lembradas como promessas de ganho aos investidores. Além do Mist, o
economista escolheu Bangladesh, Egito, Irã, Nigéria, Paquistão,
Filipinas e Vietnã como mercados que, juntamente com os BRICS, se
tornariam as maiores economias do século XXI. De acordo com as
estimativas do executivo, Brics e Mist terão juntos um Produto Interno
Bruto (PIB) de cerca de 12 trilhões de dólares ao fim desta década em
termos reais – dois terços provenientes dos Brics e um terço do total
vindo da China. “Os Brics são muito importantes e ainda não se pode
compará-los com os MIST”, afirma O’Neill.
Comparações à parte, a expansão econômica de México, Indonésia, Coreia
do Sul e Turquia é inegável, enquanto o mundo desenvolvido agoniza em
recessão ou estagnação econômica, e muitos emergentes veem seu dinamismo
se esvair claramente. “Os países do MIST estão ganhando visibilidade
por causa da desaceleração dos Brics.
Brasil, Índia e China estão experimentando taxas de crescimento abaixo
do previsto neste ano, não apenas devido ao ciclo econômico, mas também
porque tomaram medidas que não foram tão bem recebidas pelos mercados”,
afirma Christopher Garman, diretor de estratégia de mercados emergentes
da Eurasia Group. No caso do Brasil, em particular, ele diz que o
investidor está pessimista, sobretudo, com o baixo crescimento – que
deve encerrar o ano em 1,75% segundo previsões do mercado financeiro.
Contudo, ele lembra que os mesmos investidores avaliam que os esforços
da presidente Dilma Rousseff para estimular o PIB – tais como os pacotes
que têm sido anunciados e as medidas para ajudar a indústria – mostram
uma “luz no fim do túnel”.
Ciclos – O surgimento de levas de países que dão um salto rumo ao desenvolvimento não é fato isolado na história da economia global. Os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, já foram nações emergentes que surpreenderam o mundo com seu vigor. Olhar para além dos Brics pode ser considerado, portanto, algo natural. “Muitos investidores começam a olhar para histórias de crescimento fora dos BRICS, e alguns fundos estão apostando em países do segundo escalão dos emergentes”, conta Garman. “O Mist reúne essencialmente os maiores países depois dos Brics”, completa. Apesar de economistas e investidores falarem dessa seleção de países há dois anos, tal predileção ganhou adeptos nos últimos meses por conta do agravamento da crise financeira europeia e seu impacto nos emergentes dos Brics – com destaque para o vexame brasileiro.
Ciclos – O surgimento de levas de países que dão um salto rumo ao desenvolvimento não é fato isolado na história da economia global. Os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, já foram nações emergentes que surpreenderam o mundo com seu vigor. Olhar para além dos Brics pode ser considerado, portanto, algo natural. “Muitos investidores começam a olhar para histórias de crescimento fora dos BRICS, e alguns fundos estão apostando em países do segundo escalão dos emergentes”, conta Garman. “O Mist reúne essencialmente os maiores países depois dos Brics”, completa. Apesar de economistas e investidores falarem dessa seleção de países há dois anos, tal predileção ganhou adeptos nos últimos meses por conta do agravamento da crise financeira europeia e seu impacto nos emergentes dos Brics – com destaque para o vexame brasileiro.
Ambiente de negócio – Além do fato de serem países em
desenvolvimento com economias fortes – todos fazem parte do G20, o grupo
das vinte maiores economias do planeta –, as principais características
que unem os Mist são mercado consumidor atrativo e o fato de estarem
melhorando constantemente seu ambiente de negócios. “Isso faz com que
investidores os vejam como lugares para se investir no longo prazo,
inserindo-os em um portfólio global diversificado”, diz a analista da
Economist Intelligence Unit (EIU), Justine Thody.
É inegável, porém, a atração que exercem dados que comprovam pujança
econômica sobre estrategistas e investidores globais. México e
Indonésia, por exemplo, cresceram, respectivamente, 4,1% e 6,4% no
segundo trimestre deste ano na comparação com igual período de 2011 –
contra míseros 0,8% do Brasil. O mais impressionante, na visão do
mercado, é que tais números se apresentem num momento em que o mundo
patina e grande parte dos países revisa para baixo suas previsões para o
PIB.
Disciplina macroeconômica – Alfredo Coutiño, diretor
da Moody’s Analytics para a América Latina, explica que essa expansão
“fora da curva” é resultado basicamente da disciplina macroeconômica
(fiscal e monetária) dos governos do MIST, além da constante promoção
dos negócios com melhoria da regulação, oferta de segurança jurídica e
abertura ao mercado internacional. “O ponto em comum entre os quatro é
que eles são gerenciados por equipes econômicas com filosofia
pró-mercado, o que dá segurança e deixa os investidores felizes”,
afirma.
Ressalvas – Mesmo com a popularização recente, o novo
elenco enfrenta certa resistência por parte de alguns economistas.
Alguns acreditam que Brasil, China e Índia logo recuperarão o fôlego e
retomarão o centro das atenções. Outros apontam que os fundamentos que
sustentam esse crescimento vultoso do Mist são temporários. Coutiño
destaca que, ainda que México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia
suportem elevadas taxas de ampliação do PIB por vários anos, seu
conjunto é ainda pequeno para substituir o papel dos BRICS como
locomotivas da economia internacional. Somente o Produto Interno Bruto
somado de Brasil, Rússia, Índia e China é quase quatro vezes maior que o
do MIST: 13,5 trilhões de dólares contra 3,9 trilhões de dólares.
Fonte: Exame
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