O petróleo do pré-sal guarda uma oportunidade de ouro para o avanço da economia brasileira - desde que o país não se perca em meio à sua grandeza.
Todos os dias, mais de
180 000
barris de petróleo são extraídos de poços do pré-sal. O combustível produzido
na nova fronteira, descoberta em 2007, já abastece veículos no Brasil e no
exterior — a primeira carga exportada foi para o Chile em maio do ano passado.
Aos poucos, o pré-sal vai
deixando de ser um projeto distante, localizado em algum lugar do futuro no
imaginário dos brasileiros. Também vão se afastando as dúvidas sobre a
viabilidade tecnológica e econômica de tirar petróleo debaixo de 3 000 metros de água e 4 000 metros de rochas.
O melhor, no
entanto, é saber que a produção atual do pré-sal ainda é uma gota diante do
potencial brasileiro. Os campos gigantes que se espalham do litoral do Espírito
Santo ao de Santa Catarina são a principal novidade do setor em décadas. Um de
cada três barris de petróleo descobertos no mundo nos últimos cinco anos está
no Brasil.
Partindo de
estimativas conservadoras, o pré-sal deve dobrar as reservas de petróleo do
país para 31 bilhões de barris — o número só considera a parte já descoberta.
Acredita-se que haja outros 87 bilhões de barris não descobertos.
“A descoberta do
pré-sal abre um novo horizonte para o Brasil. Leva o país mais perto do
primeiro time como potência energética”, diz Daniel Yergin, economista
americano considerado uma das maiores autoridades mundiais em energia.
Por tudo isso, o
Brasil encontra-se diante de uma oportunidade rara. A saga em torno do pré-sal
é, hoje, um dos mais impressionantes empreendimentos em curso no mundo. No
ranking dos maiores projetos em operação, só a construção de uma rede de 25 000 quilômetros de trem-bala na China rivaliza com o
pré-sal.
No caso chinês, os
300 bilhões de dólares previstos em investimentos nas ferrovias até 2020 são a
maior aposta do governo de Pequim para manter a economia aquecida ao longo da
década. Já no Brasil, o petróleo
pode ser o passaporte para o Primeiro Mundo — se soubermos
lidar com sua grandeza.
Tudo em torno dele impressiona pela
magnitude. São 270 bilhões de dólares de investimentos previstos até o fim da
década. O setor de óleo e gás, que já representa 10% do produto interno bruto
do país, deve passar a 20%. É, de longe, o mais pujante do país, especialmente
num momento de franca desaceleração econômica.
Estima-se que 2
milhões de empregos serão criados na cadeia do petróleo até 2020 — empregos que
requerem todos os níveis de educação, do fundamental aos pós-doutores,
acostumados a trabalhar nas fronteiras da tecnologia. A escala de produção que
o Brasil pode alcançar abre uma infinidade de negócios para empresas de quase
todos os tipos e tamanhos.
“A cadeia de
petróleo é potencialmente a mais longa da economia. Vai do aço, usado na
construção de navios, ao arroz e feijão servidos nas plataformas, que trabalham
24 horas por dia e 365 dias por ano”, afirma Adilson Oliveira, professor do
Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
coordenador de um estudo que analisou a competitividade e a capacidade
produtiva da cadeia de fornecedores do setor. “O pré-sal pode colocar o Brasil
num novo patamar econômico, social, geopolítico e tecnológico.”
Segundo Oliveira,
além de negócios e novas tecnologias, o pré-sal vai gerar uma dose cavalar de
arrecadação, que pode facilitar a tão sonhada reforma tributária.
E, ao ganhar
importância como fornecedor de um recurso cobiçado globalmente, o país também
deve ganhar relevância geopolítica. Se a ascensão do Brasil no mundo já vinha
se materializando, tornou-se muito mais palpável com o impulso do pré-sal.
Todo projeto de
grande magnitude necessariamente se desdobra em diversas fases. Na fase 1, a de
descoberta e avaliação das reservas do fundo do mar, pode-se dizer que o país
passou bem pelo teste.
Neste momento
estamos em plena fase 2, menos glamourosa e potencialmente mais problemática: a
construção da cadeia de empresas que vai sustentar a exploração e a
comercialização do pré-sal. O epicentro da cadeia, claro, é a Petrobras. E é aí
que a estatal está patinando.
O plano de atuação
traçado nessa segunda fase por Maria das Graças Foster, que assumiu a empresa
em fevereiro, será decisivo para milhares de empresas que esperam fazer parte
do ecossistema em formação. Anunciado há poucos dias, o novo plano quinquenal
de negócios da Petrobras trouxe um certo choque de realidade à empresa.
No período de 2012 a 2016, os
investimentos em exploração e produção aumentaram 11%, para 142 bilhões de
dólares. A meta de produção doméstica para 2020, entretanto, caiu de 6 milhões
de barris diários para 5,2 milhões.
Pode parecer pouco,
mas o corte de 800 000 barris ao dia representa quase 30 bilhões de dólares
a menos no faturamento anual da petroleira. Por isso mesmo, no dia seguinte ao
anúncio do plano, a empresa perdeu 10 bilhões de dólares em valor de mercado.
Remédio ou veneno?
A Petrobras
representa bem o atual dilema brasileiro nesse setor. De um lado, as
oportunidades de atuação da empresa parecem quase infinitas. De outro, o
excesso de coisas a fazer começa a virar contra ela — como reconheceu de
maneira implícita o próprio plano recém-anunciado.
A Petrobras tem
como meta construir, até 2020, um enorme parque produtivo. Só em plataformas
marítimas, passará das atuais 45 para 94. Sua frota de petroleiros quase
triplicará, para 120 navios. O desafio é enorme. Nunca no mundo uma empresa do
setor construiu uma estrutura tão gigantesca em tão pouco tempo.
A tarefa já seria
difícil por si só. Mas, desde 2003, o governo resolveu adotar uma política
conhecida como lei de conteúdo local, que complicou o quadro. Trata-se de um
conjunto de regras que obriga as petroleiras a contratar no país a maior parte
de equipamentos e serviços (entre 55% e 65% do total).
O objetivo —
louvável — é fortalecer a indústria local. Muitas vezes, porém, a diferença
entre o remédio e o veneno está na dose. Na prática, está ficando claro que as
metas parecem inatingíveis. Hoje, já se sabe que a cadeia de suprimentos
instalada no país não tem capacidade de atender à demanda da Petrobras, e menos
ainda das demais operadoras.
Um estudo realizado
pelo Instituto de Economia da UFRJ — contratado pelo próprio governo — mostrou
que a indústria local só tem capacidade de atender à necessidade das
petroleiras em cinco das 24 categorias de equipamentos considerados críticos
para a área de exploração e produção.
Nas outras 19 categorias, há um
misto de problemas: ou as empresas locais têm preços muito acima das
concorrentes estrangeiras, ou não conseguem entregar no prazo, ou, ainda, não
têm capacitação para atender às exigências de qualidade. O estudo também mostra
que, apesar do custo do minério de ferro ser baixo no Brasil, o preço do aço
nacional é cerca de 30% mais caro que o importado.
E as siderúrgicas
instaladas aqui quase não produzem aços especiais, insumo crítico para a
operação no pré-sal, onde os equipamentos são submetidos a níveis severos de
corrosão e, por isso, têm de ser feitos com ligas mais resistentes.
Por isso, sobram
dúvidas quanto ao ritmo da produção brasileira. Segundo os prognósticos, o
Brasil vai aumentar muito o volume de petróleo retirado do mar. Mas há enorme
diferença entre as previsões, dependendo das políticas adotadas. A consultoria
McKinsey, por exemplo, traçou dois cenários de produção para a Petrobras.
No cenário em que o
governo mantém inalteradas as exigências atuais de conteúdo local, a produção
alcança 4,4 milhões de barris ao dia em 2020. A projeção do banco Credit Suisse
é mais pessimista: 4,1 milhões de barris, 21% abaixo da meta já reduzida
anunciada por Graça Foster.
“A Petrobras tem um
histórico excelente, mas terá muita dificuldade para alcançar suas metas se as
regras não forem flexibilizadas”, afirma Aris Tsikouras, da McKinsey. No
cenário alternativo da consultoria, a Petrobras chega a 5,4 milhões de barris
ao dia no final da década — caso o governo altere a política de nacionalização.
A própria Petrobras
já sentiu na pele as dificuldades da indústria local em suprir os equipamentos
de que precisa. O Estaleiro Atlântico Sul, instalado em Pernambuco, é uma
amarga prova disso. Criado em 2005 pelas brasileiras Camargo Corrêa e Queiroz
Galvão e pela coreana Samsung Heavy Industries, o estaleiro foi idealizado para
ser uma referência da construção naval no hemisfério sul.
A Transpetro, braço
de logística da Petrobras, entrou com as encomendas — nada menos que 22
petroleiros — e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
liberou a maior parte do investimento, 1,3 bilhão de reais. Na prática, porém,
o Atlântico Sul se transformou em fonte de atrasos e vexames.
O primeiro navio,
batizado de João Cândido, deveria ser entregue em setembro de 2010, mas foi ao
mar em maio deste ano com quase dois anos de atraso. A embarcação virou piada
no meio naval. Foi chamada de “navio Suflair, o único com o casco aerado”, por
causa dos defeitos de solda.
No setor, comenta-se que o
petroleiro precisou de 8 milhões de horas/homem para ser construído, enquanto
estaleiros de primeira linha levam 350 000 horas. (A empresa não
comenta o assunto.) Contrariados com os problemas, os coreanos saíram do
consórcio. Esse é apenas um dos sinais de que não dá para formar uma cadeia
eficiente de fornecedores na correria.
Uma das
dificuldades, claramente notada no Atlântico Sul, é a falta de gente
capacitada. O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo, do
governo, tem a meta de formar 208 000 profissionais
para o setor até 2015.
Os estaleiros são
hoje o calcanhar de aquiles das petroleiras. Em um recente relatório, o Credit
Suisse alerta que duas plataformas que deveriam entrar em operação até o fim
deste ano só ficarão prontas em 2013. Outra, que deveria ser entregue em 2013,
já pulou para 2014, sem contar três unidades de produção menores, transferidas
de 2014 para 2015.
Há poucos dias, a
Petrobras informou que adiará em um ano todo o cronograma de entrega dos
“replicantes”, plataformas idênticas que deveriam começar a rumar para o
pré-sal em 2015. Mais dúvidas pairam sobre o prazo de entrega das sondas de
perfuração — equipamentos vitais para a exploração do pré-sal.
A Petrobras vai
contratar 33 sondas da Sete Brasil, empresa criada há pouco mais de um ano e da
qual a própria Petrobras é sócia. Dos oito estaleiros programados para fabricar
as sondas, apenas três estão em pleno funcionamento. Dois estão em obras
iniciais, um aguarda licenciamento ambiental e o Atlântico Sul atravessa as
dificuldades conhecidas.
“Os projetos vão
atrasar e custar mais caro. Esse sobrepreço será pago por todos os
brasileiros”, afirma o sócio de uma consultoria, que pede para não se
identificar.
A dificuldade de
encontrar pessoas que aceitem falar abertamente sobre os problemas da indústria
de petróleo reflete o alto teor político do assunto. O tema “conteúdo local”
virou tabu no setor. E ninguém quer comprar briga com as duas mulheres mais
poderosas da República, a presidente Dilma Rousseff e Graça Foster.
Afinal, o atual
formato da política de conteúdo local foi definido sob o comando de Dilma,
quando era ministra de Minas e Energia, e de Graça, que dirigia a Secretaria de
Óleo e Gás do ministério. As duas deram forma à política que começou a ser
desenhada ainda na campanha eleitoral de 2002, quando o ex-presidente Lula fez
um comício inebriante para milhares de trabalhadores no antigo estaleiro
Verolme, em Angra do Reis, no sul fluminense.
Na época, Lula disse que
o presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ameaçar o presidente da
Petrobras, Francisco Gros, de demissão caso ele insistisse em construir
plataformas no exterior. Depois de 2003, as encomendas de plataformas passaram
a ser feitas no Brasil e o Ministério de Minas e Energia passou a definir
índices mínimos de conteúdo local para cada novo bloco leiloado.
O descompasso entre
a dinâmica do setor e os índices de nacionalização definidos pelo governo ficou
mais evidente em 2007, após a descoberta do pré-sal, que multiplicou a demanda
por serviços e equipamentos.
A situação relatada
pelo executivo de uma petroleira ilustra parte das dificuldades: “Há dois meses
tentei encomendar equipamentos que só preciso receber daqui a quatro anos, mas
o fornecedor não consegue garantir a exigência de conteúdo local”. EXAME procurou
então a fabricante do equipamento e, a princípio, ouviu que a empresa não tinha
problemas em atender seus clientes.
Depois de ouvir que
EXAME sabia do negócio não concretizado, um de seus diretores reconheceu: “Não
consigo fornecer para todo mundo. Tenho de priorizar a Petrobras”.
E complementou:
“Não compro aço forjado na Itália porque gosto dos italianos. Compro porque não
encontro no Brasil a quantidade de que preciso a um preço razoável. Só não
posso dizer isso em público porque seria passar o recibo de incapacidade para a
Agência Nacional de Petróleo e para os clientes”.
Lição de casa
Fica claro que o
país ainda tem uma boa lição de casa a fazer. Será preciso dosar o justo anseio
de forjar uma cadeia de fornecedores para que isso não atrapalhe o cenário
extremamente promissor do setor. No ano passado, a própria Petrobras foi
multada por não atingir o conteúdo nacional na fase de exploração em cinco de
seus 44 blocos inspecionados.
Segundo EXAME
apurou, os técnicos da Agência Nacional de Petróleo já alertaram a direção da
agência sobre a saraivada de multas que se anuncia. Conversas para rever as
exigências de conteúdo local já começaram dentro do governo. No mundo real,
parte das oportunidades já começou a se concretizar.
Tome como exemplo o grupo
britânico BG, um dos maiores do mundo no setor de energia. No ano passado, a
petroleira BG anunciou que destinará ao Brasil o maior volume de investimentos
entre os 27 países em que atua. Serão cerca de 25 bilhões de dólares até 2020.
A BG entrou no
pré-sal no chamado “leilão da sorte”, que ocorreu em 2000, quando ainda não se
sabia da existência de poços abaixo da camada de sal. “O objetivo é gerar no
Brasil entre 30% e 40% da produção global do grupo até o fim da década”, afirma
Nelson Silva, presidente da BG Brasil, repatriado depois de trabalhar 25 anos
no exterior.
Hoje, o Brasil
responde por 1% da produção do grupo. Em sociedade com a Petrobras, a BG Brasil
deve faturar aproximadamente 300 poços de petróleo no país nos próximos 27
anos. O projeto terá pelo menos 13 plataformas marítimas de produção de óleo e
gás — uma já está em operação e 12 estão em fase de construção.
Esse tipo de
encomenda desencadeia uma espiral positiva por diversos setores. Para ter uma
ideia da extensão da cadeia de óleo e gás, a Petrobras tem em seu cadastro 5 600 fornecedores, só para aqueles serviços e
equipamentos que requerem algum tipo de qualificação técnica.
E o que se vê são
fabricantes de equipamentos em verdadeira ebulição. Uma plataforma para operar
no pré-sal leva cerca de 5 000 itens. Isso
abre espaço para empresas que vão de gigantes como a americana GE a
metalúrgicas desconhecidas como a paulista Rossini Murta.
Há quase um ano, a
Rossini, fabricante de embreagens para a indústria automotiva, vem adaptando
sua fábrica, na Grande São Paulo, para fornecer também para o setor de óleo e
gás. O trabalho é todo feito sob orientação da GE, que escalou uma equipe de
dez engenheiros para trabalhar dentro das futuras fornecedoras.
A GE fez uma
manobra radical por causa do pré-sal. Em 2011, sua divisão global de óleo e gás
pagou 11 bilhões de dólares por quatro empresas estrangeiras, todas com
operação no Brasil. “As oportunidades do mercado brasileiro pesaram, sem
dúvida, nas aquisições”, afirma João Geraldo Ferreira, presidente da GE Óleo e
Gás para a América Latina.
Fora isso, a companhia investiu
outros 262 milhões de dólares no país em duas de suas fábricas e em uma unidade
de manutenção de equipamentos submarinos. Além de equipamentos, a construção de
uma plataforma requer um sem-número de empresas de serviços, a começar pelas
“epecistas”, equivalentes no mundo do petróleo às montadoras do setor
automotivo.
São empresas pouco
conhecidas, mas que faturam alto e empregam milhares de funcionários. Poucas
pessoas já ouviram falar na carioca Iesa, por exemplo, uma das maiores
companhias de engenharia e montagem de plataformas do país. Em cinco anos, a
empresa passou de 1 300 para 3 600 funcionários.
O estaleiro
Brasfels, em Angra dos Reis, também é pouco conhecido fora do setor, mas
emprega 7 000 funcionários no Brasil. Um estudo do BNDES mostra
que 85% dos fornecedores do setor são micro, pequenas ou médias empresas.
“A maioria tem
dificuldade de acesso a crédito, problemas de gestão e carência de mão de
obra”, afirma Ricardo Cunha da Costa, chefe do departamento da cadeia produtiva
de petróleo e gás do banco. Se o trabalho da GE com a Rossini leva tempo e
dinheiro, imagine o da Rossini com seus fornecedores — e assim por diante.
Uma das
oportunidades mais valiosas abertas pelo pré-sal talvez esteja em locais como o
Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Lá, já estão
instalados centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de algumas das
maiores fornecedoras mundiais de equipamentos e serviços para o setor de óleo e
gás, como a americana FMC.
Nos dois últimos
anos, a empresa investiu 200 milhões de reais na operação brasileira, sendo 70
milhões no centro tecnológico. O investimento já rendeu pelo menos um fruto
neste ano: o prêmio de melhor tecnologia de equipamento submarino da OTC, a
mais importante feira de petróleo do mundo.
O sistema premiado
foi desenvolvido com o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), e é uma das
maiores apostas do setor para que as petroleiras consigam aumentar o percentual
de extração de petróleo de campos já maduros. Além da FMC, o Parque Tecnológico
do Fundão já abriga os centros de pesquisa das multinacionais Schlumberger e
Baker Hughes.
Nesse momento,
estão em construção os centros de tecnologia de GE, Siemens, BG, Usiminas,
Halliburton e EMC2 — esta última, da área de tecnologia da informação, é líder
em armazenamento de grandes quantidades de dados. Sua presença no parque
tecnológico é um bom exemplo do poder multiplicador da cadeia do petróleo.
Quando ainda estão tentando
encontrar petróleo, as petroleiras realizam pesquisas sísmicas no subsolo
marinho que geram terabytes e mais terabytes de dados. As informações precisam
ser tratadas por softwares poderosos — daí a presença da EMC2 no parque.
Ela, como as outras,
quer aproveitar a proximidade com o Cenpes, a meca do desenvolvimento
tecnológico de petróleo em águas profundas, instalado na Ilha do Fundão em
1968.
O momento atual é
propício para a reflexão. No mundo todo, os países estão repensando os passos à
frente — com graus variados de bom-senso, é verdade. Precisamos fazer o mesmo
para tirar o máximo da oportunidade que se abriu.
Faz sentido, por
exemplo, segurar o preço dos combustíveis para controlar a inflação — sabendo
que isso tira o fôlego da Petrobras na hora de investir? Dá para exigir
que a maioria dos componentes necessários para a exploração do pré-sal seja
brasileiras? Dada nossa modesta tradição, não precisamos dar mais tempo aos
produtores brasileiros? Faz sentido aplicar o dinheiro de todos os brasileiros
para favorecer empresas privadas?
São questões que
estão na mesa. Quaisquer que sejam as respostas, é quase inevitável que o país
assuma no futuro o posto de potência energética. O que pode mudar — e muito — é
o tempo que teremos de esperar para que isso aconteça.
Fonte: Exame
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