Existem alternativas para equilibrar remuneração e produtividade, como a remuneração variável ou bônus por resultados.
O Brasil vive, de fato, uma situação paradoxal. Em 2011, o PIB
evoluiu de forma modesta, mas os aumentos salariais, incluindo a
remuneração aos executivos, ficaram acima da inflação, conforme mostram
pesquisas recentes. O mesmo deve ocorrer este ano, apesar do crescimento
da economia bem abaixo das expectativas.
A primeira conclusão óbvia é de que ainda continua aquecida a busca
por talentos num mercado altamente competitivo. Até por causa disso, o
segundo motivo é que muitas empresas, mesmo com queda de vendas e
encomendas, não quer abrir mão de profissionais qualificados, pois têm a
convicção de que eles serão fundamentais dentro de alguns meses, quando
a economia voltar a ganhar novo impulso. Sim, pesquisas também revelam
que os empresários confiam na melhora da situação em 2013 e pretendem
voltar a investir. A cautela nos últimos meses não arrefeceu o otimismo
no futuro.
Mesmo com as turbulências conjunturais – reflexos do agravamento da
crise em países europeus, das dificuldades de recuperação da economia
norte-americana e do abrandamento do apetite chinês por commoditites –, o
Brasil está investindo e necessitará cada vez mais de profissionais
qualificados.
Nesse cenário, há setores em que as contratações e o aumento das
remunerações acima da inflação são bem visíveis, como varejo e serviços
em geral, tecnologia da informação, energia, gás e petróleo. Os setores
farmacêutico, de engenharia e de telecomunicações também continuam
atraindo talentos e, portanto, elevando as remunerações.
Não se pode desdenhar o impacto que a Copa do Mundo em 2014 e as
Olimpíadas, mais adiante, em 2016, terão na geração de empregos e
aumento de salários. Mas é o próprio crescimento do país, com
investimentos privados e oficiais em várias frentes, principalmente em
infraestrutura, energia, gás, petróleo e transportes, só para citar
alguns, é que vai manter aquecido o mercado de trabalho.
Além da atração, retenção e qualificação de talentos, outro grande
desafio das empresas é elevar a produtividade. Se os salários sobem,
como vem ocorrendo nos últimos anos, o aumento da produtividade é fator
crítico para a competitividade e o crescimento sustentável, seja de uma
organização, seja da própria economia do país. Um dos quebra-cabeças
para as empresas é buscar uma fórmula para equilibrar o crescente
aumento das remunerações com a redução das margens imposta pela
competição acirrada em muitos setores. Para o governo, o desafio é
evitar que o reajuste de salários comprometa as metas de inflação e não
diminua ainda mais a competitividade global do país.
Alguns benefícios concedidos pelas empresas para atrair e reter
talentos – como carro, plano de saúde, escola para filhos etc. –
representam salários indiretos e, portanto, aumentam os custos de mão de
obra. Mas existem alternativas para equilibrar remuneração e
produtividade, como a remuneração variável ou bônus por resultados,
prática adotada mais nas empresas financeiras e certos segmentos do
varejo.
Fonte: Portal Administradores, por Marcelo Mariaca
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