Sucesso, dependência, inércia e desastre
Atingir o resultado pode ser uma das coisas mais nefastas para uma
carreira. Explico: entendo que nossa vida empresarial deve estar
dividida em buscar atingir um resultado e depois descobrir como buscar
novos resultados. Sucesso não pode ser o fim em si mesmo.
A estabilidade, embora agradável e desejada, é perigosa.
Nesse caso, corremos o risco de ser vítimas da “trilogia do mal”:
dependência-inércia-desastre.
Por mais paradoxal que possa parecer, essa trilogia se instala quando
é alcançado o sucesso, ou quando ele é um pressuposto que não é mais
discutido. Em time que está ganhando, a dependência resulta da inércia
estabelecida pelo “repouso do guerreiro” sobre os louros conquistados e
que levaram ao sucesso.
Gradativamente, instala-se na pessoa a sensação de conforto e as
capacidades de inovar, pesquisar, investigar, questionar, criticar,
estudar e aperfeiçoar são arquivadas. Não há espaço para autoanálise,
erro e discussões dos problemas com transparência.
Essas atitudes são lógicas, se, afinal, o sucesso chegou pelos recém-criados manuais, por que questioná-los ou abandoná-los?
A inércia tende a se agravar, visto que o sucesso vem com uma boa
dose de arrogância do líder. Para o isolamento, falta um pequeno
passo. As portas se fecham, os contatos pessoais diminuem e o processo
padrão de cumprimento das tarefas se torna a rotina. Cercado por poucos
que “sabiamente” dizem a ele o que quer ouvir, comanda uma equipe de
“cumpridores de ordem”, onde o mérito e proficiência profissional não
são mais alvo. Foram se os “chatos”, ficaram os que realmente “fazem”.
O sucesso momentâneo é o maior responsável por este conjunto de
situações, mas o que de fato é que se trata de uma manifestação da
índole humana. Estamos sucessivamente em busca da “zona de conforto”.
Indiscutivelmente trata-se de um direito, só que essa condição não se
sustenta permanentemente no desenvolvimento da realidade dos fatos.
Frente a um mundo dinâmico, parar significa retroceder em qualquer atividade humana.
Fonte: Época Negócios, por Carlos Faccina
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