Não entendeu?
Conheça três variáveis que devem ser levadas em conta
para melhorar as comunicações com seus parceiros negócios
Tenho
observado, ao longo de minha vida profissional, que uma das competências mais
críticas para empreendedores e gestores é a facilidade de
comunicar-se adequadamente com todos os seus parceiros de negócios –aí incluo
fornecedores, clientes e os chamados colaboradores.
Não é
preciso ser um especialista para verificar a quantidade de processos que são
muito bem-sucedidos ou falham basicamente por causa da qualidade da
comunicação. Esses processos podem, entre outras funções, comunicar um desafio,
fazer uma negociação, dar mais responsabilidades a uma pessoa ou tentar uma
parceria.
Não são
tarefas exclusivas de empreendedores e gestores, mas algo com que nos deparamos
diariamente, em todos os nossos relacionamentos interpessoais. Quantos de nós
já não tivemos de vivenciar problemas com nossos cônjuges, filhos ou amigos
decorrentes de uma simples “falha de comunicação”?
Da mesma
forma, devemos ter em nossas memórias casos em que a habilidade de comunicação
foi fundamental para o sucesso que se esperava em determinada relação de nossas
vidas.
Embora
essa capacidade seja nata em várias pessoas, se entendermos os fatores críticos
de sucesso de uma boa comunicação, poderemos melhorar ou adquirir essa
competência de forma mais efetiva.
Quando
duas pessoas se comunicam, há basicamente três variáveis importantes que podem
impactar o resultado esperado, que vão além do conteúdo e que estão intimamente
ligadas às emoções de nosso interlocutor:
Forma - Existem
várias formas de dizer a mesma coisa, que em vários casos se sobrepõem ao
conteúdo. Por exemplo: se espero que uma pessoa melhore o seu desempenho, posso
dizer: “Você tem muitos defeitos e temos que combatê-los imediatamente” ou
“Você tem muitas qualidades, mas, diante de nossos desafios, creio que há
algumas oportunidades de melhoria que, se forem trabalhadas rapidamente, lhe
darão mais condições de acompanhar o nosso crescimento.” Veja que o objetivo das
duas comunicações foi o mesmo: que uma pessoa melhore seu desempenho. No
entanto, a forma escolhida no primeiro caso poderá gerar desmotivação e
insegurança, entre outros sentimentos indesejados para alguém que tem o desafio
de melhorar. Por outro lado, no segundo caso estamos motivando a pessoa e da
mesma forma dando o “recado” de que, se não melhorar, ela poderá estar fora de
nossos planos.
Tempo – O
tempo que antecede uma comunicação é completamente diferente daquele em que se
comunica uma mensagem. Veja que, ao decidir comunicar algo, você já teve a
possibilidade de elaborar, refletir e tentar prever as possíveis reações do
receptor. Por outro lado, o receptor, ao receber uma mensagem sem ter tido o
tempo para as devidas assimilação e digestão, poderá reagir de formas
absolutamente irracionais ou indesejadas. Sendo assim, dependendo do que se
quer comunicar, é melhor evitar discussões logo na sequência do comunicado e
dar a chance ao receptor de refletir e elaborar o que lhe foi dito.
Expectativa – Ao falarmos com uma ou várias pessoas, temos uma
expectativa em relação à reação do outro. Da mesma forma, enquanto comunicamos
algo, o outro vai desenhando modelos mentais preconcebidos e, ao mesmo tempo,
construindo expectativas em relação à mensagem. Dificilmente a reação do outro
estará 100% alinhada com a expectativa que criamos, e isso pode gerar
frustração ou conflitos que não esperávamos que acontecessem. Por exemplo, quem
não experimentou uma briga com um amigo, familiar ou com a pessoa amada e depois
se perguntou: “Mas como isso aconteceu?” Uma briga dessas, sem motivo aparente,
pode ter começado porque as expectativas de um dos dois lados não foram
alcançadas.
Essas
três variáveis não necessariamente acontecem de modo isolado. Na maioria das
vezes são simultâneas, o que reforça ainda mais o desafio de nos comunicarmos
corretamente.
Finalmente,
não podemos esquecer que esses processos envolvem pessoas e que cada um de nós
tem uma história de vida, uma maneira de reagir às formas como algo é
comunicado e expectativas em relação a nós, ao nosso negócio e aos outros. Da
mesma forma, cada um terá diferentes capacidades de gerenciar o tempo e as
ansiedades.
Sendo
assim, aqui vai a última dica: antes de comunicar algo ou estabelecer um
diálogo, conheça o seu interlocutor e procure entender um pouco melhor de que
maneira essas três variáveis poderão influenciar o seu objetivo final.
Fonte: Época Negócios, por Carlos Miranda
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